A Macieira de Liz
Liz estava degustando a mais suculenta das maçãs a qual acabara de
apanhar no galho mais alto da macieira. Sua macieira.
Balançava os pés para frente e para trás tão calmamente. E era alto.
Ela não demonstrava a menor aversão por altura. Não
quando tinha um pensamento mais elevado.
O horizonte levemente pincelado de laranja tinha atenção de seus olhos
de veludo. O vento soprava gentilmente fazendo as
mechas castanhas mover-se sobre a testa inteligente.
As maçãs eram tão vermelhas e tentadoras, não deixavam a desejar.
Mais duas mordidas. Hum ... Realmente são deliciosas.
Um amável pensamento veio a sua mente. Uma doce lembrança. Sim, sim,
ela deixou-o vir.
Liz sonhou com Samantha no último verão. Ficava apenas imaginando o que
poderia ter acontecido a ela, ou , o que estava
acontecendo. Pequena Sam.
O 1° ano era comumente chato. Os professores tinham um "blá blá blá"
que não lhe entrava na cabeça e por mais que tentasse,
não passaria do mesmo "blá blá blá" costumeiro.
A manhã de Agosto havia saído de acordo com o roteiro. O sinal havia
tocado nos horários de sempre. Exatamente nos ponteiros,
sem nenhum atraso ou um pouco adiantado. Nada era estranho. Dois anos
foram bem vividos sentando-se ao lado de Sam. O que
resultou em dedos entrelaçados, sorrisos doces e uma maré de
sentimentos enferrujando dentro do peito. Todos os desejos de
Liz.
Por que ela sorria assim tão gentilmente chamando atenção para os
lábios puros sem cor ? E o seu andar era tão
desajeitado quanto gracioso. O anjinho doce com o olhar sonolento.
Oh sim, o verão. Os chuveiros de Janeiro molhavam a cidade e a macieira
de Liz. Isso havia sido muito bom. Sim, ela tinha
aquela amável lembrança de verão que a fez sonhar pelo resto dos dias
sem parar de comer suas maçãs suculentas.
Liz deixou escapolir um sorriso lateral ao mesmo tempo que a maçã
encostava em seus lábios. Doces lábios, suculentos e tão
vermelhos quanto suas maçãs. Eram somente suas e de Sam.
A tormenta da tarde de sexta-feira, Janeiro, molharam-nas toda. As
gotas de chuva eram terrívelmente impiedosas. O guarda-
chuva preto de Sam abrigavam as duas. O pobre não havia suportado o
suficiente até a porta de Liz, infelizmente não resistiu.
As gotas podiam ser contadas pingando sobre o carpete. Elas não
continham o riso de si próprias. Embora chovesse
furiosamente, a tarde havia sido agradável no quarto de Liz. E lá,
sorriram, conversaram sobre qualquer coisa, encararam-se
até Liz não conter mais um "eu te amo" sendo empoeirado durante dois
anos no coração.
Vários pequenos beijos foram plantados na lateral de seus lábios. Tão
inocente. Aquela lembrança a mente, a fez trazer as
pontas dos dedos àquela lateral fazendo-a esquecer-se da maçã.
Lembrou-se que o último beijinho havia sido plantado ali.
Embora estivesse mastigando os últimos pedaços da maçã a qual se
desfez,teve a impressão de sentir o sabor que Sam havia
deixado ali. Framboesa.
Liz apanhava-lhe as maçãs mais desejáveis arriscando-se a cair, pois as
mais bonitas eram as mais dificéis e sempre estavam
no topo. Aquilo estampava um largo sorriso nos lábios de Sam e faziam
seus dedos entrelaçarem sobre os galhos daquela
macieira. Um pequeno palco sobre as árvores.
Aquele verão não poderia ter sido melhor. Tampouco agora, esquecido.
E foram as férias. De volta a escola, aquele mesmo "blá blá blá"
incompreensível, o sinal sincronizado de acordo com o
horário. Nunca mudava. E sim, o lugar de Sam vazio.
Duas semanas, seis semanas, três meses, sete meses ... Onde ela está ?
O sabor de framboesa sumiu da lateral amargando-se todo. Pelo tempo que
Liz havia esperado por Sam, sentiu o desejo de cortar
os pulsos. Liz nem ao menos havia lhe oferecido uma última prova de
amor, seu corpo, quanto mais uma despedida descente.
O sabor de framboesa havia sumido para a lágrima salgada escorrendo
sobre os lábios. O galho sobre o qual estava sentada era
bastante alto. Propício a um suícido.
Por que as coisas funcionavam assim ? Por que o seu anjinho sonolento
vôou para longe ? Onde estaria agora, aquele sabor de
framboesa ?
Com a angústia envolvendo-se em seu coração magóado, Liz foi perdendo a
firmeza sobre o tato, a força nos dedos e deixou a
maçã pela metade escorregar de sua mão até alcançar a grama. Aquele
verde vivo, limpo havia aparado a doce maçã tocada
pelos lábios vermelhos.
Mas por que Liz veio em seguida ?
21 de abr. de 2008 | Postado por Lucas Izumi às 01:44
Marcadores: A Macieira, Drama, Oneshot, Shoujo-ai, Thais de S. Alencar
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