Alvo Severo e o Segredo da Víbora (Capítulo 4)

Capítulo IV – Uma garota na Nova Toca

A Toca era a casa onde viviam Rony, Hermione e seus dois filhos. Outrora morava uma família realmente grande, mas agora restara apenas quatro de seus integrantes. Os Weasley sempre foram uma família grande, e Artur ainda hoje discutia com sua mulher porque sua nora Hermione teimava em ter apenas dois filhos. Dois filhos estes que enchiam de orgulho os pais. Não havia um único livro escolar de Hogwarts dos primos que Hugo Weasley não lera, e sua irmã, Rose iria para a escola este ano, iria estudar no mesmo ano que Alvo.

O sol ainda estava muito quente e ardiam os olhos de Alvo quando o garoto descia a costa íngreme, acompanhado de seus pais e irmãos. Uma estrada sem fim se revelava, e ali estava a imponente Toca. A casa passara por milhares de reformas, e um quarto era inserido sempre aqui e ali, desde os tempos em que Artur comandava a família. Porém, a casa passava por diversas mudanças, de um tempo para cá, não para aumentar, e sim para diminuí-la, pois haviam diversos quartos desocupados, e que não necessitavam existir. Ron fazia as reformas, juntamente com os irmãos Jorge, Gui e o amigo Ted, que sempre apareciam para uma mãozinha. Percy não gostava de serviços pesados, então preferia ajudar Hermione no planejamento e arquitetura da Nova Toca.

Alvo via de longe seus tantos tios trabalhando na casa. Seu avô estava sentado numa cadeira, lendo o Profeta Diário, e todos estavam no exterior da casa. Tudo estava muito empoeirado. Seu tio, Ronald, lançava feitiços contra uma parede, para derrubá-la, enquanto Jorge, Gui e Ted impediam magicamente que a poeira sujasse a todos e protegiam Ron de a parede cair sobre sua cabeça.

Tio Jorge ria muito, ameaçando deixar a parede solta, enquanto o tio Ron produzia feixes de luz que ricocheteavam na parede, fazendo-a tremer de cima a baixo.

O Sr. Percy Weasley estava sentado com Audrey, sua esposa; acompanhados de Hermione; Angelina; e a jovem Molly. Discutiam a reforma energicamente, e Alvo teve a impressão de estar ouvindo um discurso político de seu tio Percy.

Lucy, a outra filha do tio Percy, discutia quadribol com Roxanne, que era filha do tio Jorge com Angelina, e irmã de Freddy.

A tia Fleur discutia com a avó Molly Weasley a posição das panelas que Molly colocava numa grande mesa retangular, com muitos assentos. Lá estavam muitas caçarolas e pratinhos com as deliciosas receitas da avó de Alvo.

Victoire, era a filha mais velha de Gui com Fleur. Uma bela garota, Alvo sempre pensava ao vê-la. Seus cabelos eram de um loiro profundo e inquietante, seus olhos emitiam um brilho azul incessante, e ela observava Ted Lupin fazer todos os movimentos de varinha atentamente.

Ted também era um garoto muito bonito. Alvo achava o garoto diferente do pai, que tanto vira em fotos. Os olhos de Remo eram cansados, e seu rosto tinha cicatrizes de arranhões. A feição até parecia com a do filho, mas este tinha um aspecto jovem e saudável, pois nunca passara por tudo que seu pai vivenciou.

Victoire possuía dois irmãos, que estavam passando as férias na França, onde estudavam. Alvo sabia que havia uma escola de magia na França, e que há algum tempo atrás, sua tia Fleur estudara nela.

Rose, e Hugo, os primos com quem Alvo tinha mais contato, estavam com Freddy, que divertia-se estourando alguns mini-fogos de artifício. No chão empoeirado.

- Rapazes, vamos parando com o serviço pesado, a comida está pronta, e pelo que vejo a Gina está chegando com Harry! – Molly chamava seus três filhos e Ted para sentarem-se à mesa, e acenava para Alvo e a família.

Haviam realmente muitas pessoas ao redor da casa. Com os Potter, haviam vinte e três bruxos para o farto almoço.

- Prontinho, agora sim temos todos os Weasley reunidos – Artur Weasley disse ao fitar um homem alto e forte que vinha voando, em sua vassoura, pelo lado oposto ao que vinham os Potter.

Depois de muitos beijos e abraços e apertões de bochecha (Molly e Fleur tinham pelo menos essa mania em comum), todos sentaram-se confortavelmente à mesa, e deram logo início ao tão aguardado banquete.

Alvo estava com muita fome, até agora só comera doces, e estava tudo delicioso. Ia se servindo de um delicioso prato de batatas ao creme quando uma visão o fez parar de súbito.

Havia uma garotinha. Uma garotinha magra olhava diretamente para alguém sentado à mesa. Estava debruçada numa cerquinha quebrada que havia em frente à Toca. Seus olhos eram escuros, e significavam algo para Alvo. Seu olhar recaía sobre alguém que deveria estar entre Gina e Lily na mesa. Talvez fosse Harry, mas poderia ser seu avô Artur também, não dava para ter certeza.

Alvo já estava a fitando por mais de um minuto, quando a garota virou o olhar diretamente para ele, então, ao perceber que estava sendo reparada, de um pulo saiu da cerca e correu dali. Subiu um montinho de terra e desapareceu atrás de alguns arbustos. Alvo a assustara?

Gui já ia contando uma história árdua e chata de como deixou os trabalhos no Egito para se mudar para a Inglaterra e arranjar emprego na Seção de Ligação com Duendes no ministério da Magia quando Alvo deixou de lado a garota e começou a conversar sobre Hogwarts com Molly, que sentava ao seu lado.

- Ah, você vai realmente amar Hogwarts, Al. Não sei dizer se chegaria a monitor-chefe, já que exige muita dedicação. – Molly esgotava a paciência de Alvo com suas histórias de como ganhara o tão honroso distintivo no peito de monitora-chefe para esse ano, até pedir licença para se retirar e ir rever sua monografia que escrevera sobre a “Regulamentação de sítios rúnicos na Irlanda e Grã-Bretanha”.

Ao cair da tarde, todos se levantaram satisfeitos (Ron deu um arroto que fez Hermione derrubar um prato no chão de vergonha e Tiago derrubar outro de risada) e pouco a pouco foram indo embora.

Angelina e Jorge foram primeiro, junto com Freddy e a pequena Roxanne.

Depois; Molly, Lucy, Percy e Audrey se despediram agradecidos, pois a filha mais velha tinha muito o que fazer com suas novas tarefas.

Gui, Fleur e Victoire foram logo depois, voando em suas vassouras, cortando o ar quente de verão. Então, quando Gina se despedia de sua mãe, e Alvo abraçava o avô; por cima do ombro de Artur, o garoto pôde vê-la outra vez.

Estava mais uma vez debruçada na cerca, e agora claramente seu olhar recaía sob o pai de Alvo. Harry nem percebia, no meio de uma conversa animada com Ted.

- Só um minuto vovô, tenho que ver uma coisa – Artur soltou os ombros de Alvo, e foi logo abordado por Lily, que veio se despedir.

Alvo saiu andando rapidamente, em direção à garota. Esta só percebera Alvo alguns segundos depois, então levou um susto e tropeçou na cerca, levantando rapidamente, muito preocupada. Alvo saiu correndo atrás da garota.

- Ei! Quem é você? Calma, só quero saber que é você! – a menina não parou, e ao perceber que Alvo estava correndo, continuou a fuga. Tremia muito, e a noite não estava fria.

Alvo continuou, e agora largava o saquinho de figurinhas que carregava nas mãos, seguindo a garota. Ela corria rapidamente, mas estava descontrolada, e então... escorregou.

A garota caiu pesadamente. Seus pés não estavam respondendo. Alvo tentou fazer a garota se sentir calma, e então perguntou:

- Quem é você? O que estava fazendo? – Alvo não entendia o que poderia ter acontecido.

- Me solte, eu quero sair daqui! – a garota agora o ameaçava, mas não se mexia muito. Queria bater no garoto, mas sentia medo.

- Não estou te segurando, acalme-se. – a menina deu um grito. Alvo apostava que podia ser ouvido de muito longe.

Então, uma baforada invadiu o local. Uma baforada fria. Havia fumaça no chão, a garota tremia loucamente. Algo cortava o ar ao redor dos dois. Alvo agora começava a ver sua mão tremer.

- O que está acontecendo? – Dois vultos muito negros passaram velozes. O cheiro de decomposição invadiu as narinas de Alvo, algo horrível o circulava. – Quem é você, e o que está fazendo comigo?

- Meu nome é Lysandra! Lysandra Lestrange – a garota tremia convulsivamente, e agora puxava Alvo para seu encontro. Estava abraçando o garoto. Procurava apoio em seu peito.

Com um ar enregelante, um vulto se aproxima muito, então Alvo viu o que menos poderia desejar em sua vida. A mão decomposta fedia horrivelmente, e procurava por um pescoço. O outro vulto aproximou-se e puxou Lysandra para perto de si.

A garota era envolvida pelo manto rasgado de um dementador, e Alvo não conseguia se mexer. Queria ser como seu pai, queria se levantar e gritar o feitiço que Harry lhe contara na história que ouvira dias atrás.

Não tinha coragem. Alvo Severo era um covarde. Não se mexia, seus ossos enfraqueciam no congelante ar que o fazia enregelar na penumbra. O rosto da garota estava próximo à boca terrível que o dementador revelava puxando o manto para trás. Um grito horrível, porém mudo saiu da boca de Lysandra. Não houve som algum, mas o grito ocorreu. Segundos depois a voz de Tiago foi ouvida de dentro da cabeça de Alvo.

”Você é um covarde, Alvo.”

Sentiu os joelhos dobrarem, os cotovelos cederem, e então desmaiou. Lysandra iria ter sua alma retirada, e iria ter um destino macabro.

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