Alvo Severo e o Segredo da Víbora (Capítulo 11)

Capítulo XI – O ataque na aula de feitiços

As aulas em Hogwarts surpreendiam Alvo e seus amigos cada vez mais, e o primeiro mês letivo foi recebido com muita euforia pelos alunos. A turma da sonserina se perdia às vezes pelos corredores frios das masmorras, mas Alvo ia se acostumando e descobrindo passagens secretas a cada dia.

Certa manhã, Alvo e os três amigos acordaram atrasados, e tiveram de descobrir uma passagem que levava ao terceiro andar para não chegarem tarde na aula de feitiços. A passagem era uma escadinha que saía para o lado exterior do castelo e subia em ziguezague.

Quando chegaram à aula, o professor Flitwick, um senhorzinho barbudo em pé em cima de uma pilha de livros grossos conversava alegremente com a prima de Alvo, que estava acompanhada de Colin e uma garota de longos cabelos pretos que ele não conhecia. Conversavam alegremente, até Colin ver Alvo na sala e ir ao seu encontro. Estava muito alegre.

- E aí Alvo? - Escórpio, Lysa e Ana sentaram-se, enquanto Alvo foi cumprimentar o amigo – Como vai nas aulas, ainda não nos falamos muito não é mesmo? Você não vai nos apresentar os seus amigos? – disse Colin acenando para chamar a prima e a garota de cabelos longos.

- Claro! Esses são Escórpio, Ana e Lysa. Escórpio, esse é meu vizinho Colin, e a minha prima você já conhece. E você, Colin, vai ter que me apresentar a garota! – Alvo fez as apresentações, animado por se enturmar com os amigos e conhecer mais uma aluna. Anastácia olhava com um peculiar interesse para a garota de cabelos longos e negros.

- Essa é a nossa amiga Patrícia! Conhecemos ela no dia da seleção – respondeu Rose. A garota evitava o olhar de Escórpio, e este exibia um semblante pouco amigável ao constatar que Rose não estava muito feliz ao se juntar com alunos da sonserina.

- Patrícia Patil, prazer em conhecê-lo, Alvo. Sua prima e o Colin me falaram bastante de você – cumprimentou a garota.

- Espero que tenha falado bem. – brincou Alvo.

- Acho que seria um tanto complicado para sua prima admitir e falar bem de um sonserino, Al. – Escórpio estava tentando provocar Rose.

- Não tenho nada contra sonserinos! Agora que a presença de certos colegas na conversa me incomoda, isso não vou negar. – Rose estava se enfurecendo e agora olhava com desprezo para o olhar irritado de Escórpio.

- Pessoal, a aula vai começar, vamos nos sentar – interrompeu Anastácia rapidamente. Olhava para o professor, e já estava abrindo o “Livro Padrão de Feitiços, 1ª série”.

Os grifinórios e Alvo sentaram-se, e o restante da aula exigiu um pouco de atenção para todas as orientações que o baixinho professor dava sobre o uso de varinha. A conversa só recomeçou ao final da aula, quando o professor executou alguns feitiços de luz para impressionar os mais curiosos.

- Este último que eu fiz chama-se Lumus, e é o mais usual feitiço para iluminar que utilizamos atualmente! – guinchava ele ao ver o espanto de uns e tédio de outros.

- Estou realmente ansiosa para começar a produzir os feitiços! – Lysa comentou, ao fechar o livro cansadamente – Vocês ouviram o professor? Nós vamos começar a praticar a partir da segunda semana! Não vejo a hora de poder me virar sozinha com uma varinha!

- Meu pai disse que a matéria é bem simples no início, que só começa a complicar a partir do quarto ano. – Escórpio disse animadamente.

- Realmente precisamos usar a varinha! Não fiz nada ainda com a minha, mas sinto que é muito poderosa. – comentou Alvo.

Estava observando a varinha de Colin e de Patrícia, que diziam que a varinha possuía cerne de pêlo de unicórnio e garra moída de malagarra.

- É bem rara, e muito útil para bruxos clarividentes. Minha mãe a comprou nas nossas últimas férias na Índia! – comentou a garota, rejubilando-se.

- Cerne? O que é o cerne? É o que vem escrito na varinha? – Alvo perguntou curioso. – A minha tem umas coisas escritas, mas nunca vi pêlo nem pó nenhum.

- Alvo, o cerne é o material mágico que fica no interior da varinha. – explicou Rose. Até então, a garota estava conversando alegremente com Ana. - Você disse que comprou na Olivaras, não? O senhor Olivaras me disse o cerne da minha no momento em que me deu para experimentar. A minha tem tecido de briba no interior. Ele deve ter comentado, você não se lembra?

- Não, ele não me disse de nada dentro dela... – respondeu o garoto confuso.

- Você disse que tem algo escrito nela? Que estranho! – disse Colin

- Sim, tem uns símbolos esquisitos.

- Deixe-me ver, de repente são hieróglifos, ou runas, ou algum adorno estilístico.

Colin estendeu a mão para a varinha na mesa de Alvo. A mão deste tremeu, então Alvo foi mais rápido e apanhou a varinha, puxando-a para si.

- Eu só quero ver os símbolos Al, deixa eu ver.

- NÃO – Alvo tinha elevado sua voz, e usado um tom de briga e medo.

- Calma Al, eu não vou devorar a varinha – disse Colin descontraído. Escórpio, Lysa e Patrícia riram. Rose e Anastácia estavam muito sérias, observando o garoto enfurecido.

A próxima coisa que ocorreu foi um tanto inexplicável. Num instante Colin ria descontraído com os outros, e no outro estava sendo arremessado para longe. Um feitiço de raio azulado saíra da varinha de Alvo, e atingiu o rosto de seu amigo. Colin desabou com ferimentos e queimaduras leves no nariz e lábios. Caíra nos livros onde segundos atrás o professor estava sentado.

- Que diabos está acontecendo? Quem deu permissão para atacar alguém em minha sala? Quem foi o responsável por isso? – o professor guinchava, ao dar socorro ao garoto, que estava espantado. Olhava para Alvo muito surpreso. Este tinha seus olhos desfocados, e só alguns segundos depois ele se moveu.

- Você está vendo o que você está se tornando Alvo? Andando com gente imunda como esse Malfoy e essa víbora nojenta? – Rose estava estupefata. Agora ela gritava com o primo, descontrolada. – Atacou um de seus melhores amigos! Eles estão te levando pro lado do mal. Você está se tornando tudo que seu pai menos desejava Al. Maldita hora que o chapéu te mandou para essa casa.

- Sua idiota, nós nunca influenciamos seu primo a nada! Quem você acha que é para abrir sua boca infame e falar mal de minha casa!? – Escórpio estava tão descontrolado quanto a outra.

- Sou uma víbora mesmo, Rose, e com orgulho! - Lysa entrou na briga, enfurecendo-se - Não nego, que sou amiga do seu primo, mas nunca o mandamos atacar grifinórios, e estamos tão surpresos quanto você. – O professor ainda socorria Colin, que não ousava soltar uma palavra.

- Senhor Thomas, leve o garoto para a ala hospitalar. Alvo, você foi o responsável por isso? – o professor estava confuso em meio aos gritinhos de indignação de duas garotas no canto da sala. Anastácia olhava para cada um dos alunos, estudava cada detalhe, e parou na varinha ainda estática na mão de Alvo. O garoto movia a cabeça e olhava para os lados. Parecia não ter ciência de nada que havia acontecido, e que ainda estavam em uma conversa. Escórpio se juntava a Lysa e os dois continuavam a brigar alto com Rose, que não se rendia.

- Alvo Severo, me siga. Se mais algum ataque acontecer dentro desta sala, o castigo será memorável. Venha garoto, agora! – Alvo seguiu obedientemente o professor. Agia calmamente, como se não houvesse um garoto machucado mancando ao sair da sala. A varinha estava segura na mão direita, embora abaixada.

Alvo seguiu o professor, e ao deixarem a sala, este o conduziu quatro andares a cima. Não parecia haver mais andares acima. Estavam no sétimo andar, e pararam em frente a uma gárgula de pedra.

- Biscoitos de Abernethy – disse o professor, fazendo então com que a gárgula se movesse, revelando uma escadinha espiral que levava a uma porta com aldrava em forma de grifo.

O professor subiu as escadinhas e bateu uma vez com a aldrava na porta. Esperou alguns segundos, então empurrou a porta com alguma dificuldade pelo seu tamanho.

Havia uma sala redonda e ampla por trás da porta. Vários armarinhos de vidro e madeiras nobres ocupavam as paredes, e um chapéu muito velho estava em um canto, murmurando palavras, inaudíveis para si mesmo. Havia um poleiro vazio, e Minerva McGonagall estava sentada numa mesa com alguns pêndulos de prata.

Estudava um pergaminho, e sobressaltou-se ao ver que não estava sozinha na sala. Mesmo antes do professor e aluno entrarem, não estava exatamente sozinha, pois muitos retratos preenchiam as paredes circulares. Cada um tinha um entalhe muito belo com o nome de um diretor da escola. O penúltimo retrato, o de um velho barbudo e cabeludo, fitou Alvo imediatamente, e sorriu para o garoto, muito satisfeito. Alvo percebeu que seu primeiro nome era exatamente o mesmo que o seu.

Tratava-se de Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore, o tão comentado diretor nas histórias de seu pai. Alvo sorriu para Dumbledore. Estava realmente muito satisfeito em ver o retrato da pessoa a que seu nome homenageava. Já vira o diretor tempos atrás numa das figurinhas velhas de sapos de chocolate do pai, mas o retrato era muito mais real.

- Posso saber o que está ocorrendo para o senhor vir me visitar com este aluno, caro professor Flitwick? – começou Minerva, olhando do Alvo aluno para o Alvo diretor.

- Tivemos um probleminha na aula com o Alvo, professora McGonagall. – respondeu o professor.

- Oh, a última vez que ouvi falar de problemas em sua aula foi quando Freddy Weasley estourou bombas de bosta em Beto McLaggen, não é mesmo professor?

- Foi sim, professora, e Beto queixa-se até hoje para mim das traquinagens do senhor Weasley.

- Alvo Severo Potter! Seu pai passou muitas vezes por esta sala, sabia meu garoto? – Minerva se dirigiu a Alvo.

- Sabia sim senhora, ele me contou muito. Mas em geral ele tinha motivos de peso para isso, não é mesmo professora? – perguntou Alvo curioso.

- E creio que o professor não veio me consultar à toa, Alvo. Tenho certeza de que ele tem uma explicação.

- Alvo lançou um feitiço em Colin Creevey, ao final de minha aula, professora.

- Porque fez isso, Potter? – o rosto de Minerva passou de agradável para rude em um instante.

- Eu não fiz isso professora. – respondeu Alvo muito calmamente.

- Meu rapaz, você fez isso à claridade do dia, todos os alunos viram! Eu vi! – esganiçou-se o professor.

- Potter, se o professor Flitwick diz que você atacou um aluno na sala de aula, é porque você o atacou mesmo.

- Não, professora, eu não ataquei! – Alvo estava surpreso, mas ainda calmo. Alvo Dumbledore olhava para ele com muito interesse.

- Está bem então Potter, digamos que você lançou um feitiço em um aluno na sala. Quero saber o motivo! – Minerva estava calma, mas seus lábios tremulavam nas palavras.

- Eu também não lancei feitiço algum professora! – respondeu Alvo. Parecia que sua calma fazia Minerva ficar mais e mais rude. – Não sei produzir feitiços ainda professora.

- Ora, pare com isso...

O retrato de Alvo Dumbledore, que estudava a cena delicadamente, de repente levantou-se de uma poltrona de chintz, para se pronunciar.

- Se me permite professora, gostaria de adicionar que em meu tempo alguns alunos iniciantes produziam feitiços sem realmente os desejar. – o retrato agora estava entrando na conversa. Minerva se virou para Dumbledore.

- É uma hipótese, professor Dumbledore, mas não conheço casos de feitiços produzidos desse modo que mexam na memória do aluno. Alvo sequer admite que um feitiço foi lançado, intencionalmente ou não. – O retrato calou-se, pensativo.

Passaram alguns instantes de desconfortável silêncio, então o último e desconhecido retrato da parede opinou.

- Se é verdade que há um Potter sonserino nesta escola, então não duvido de mais nada.

- Professor Snape, peço que não atrapalhe a nossa conversa. – ralhou a professora McGonagalll com o quadro.

Alvo vislumbrou a imagem de um homem pálido e melancólico. Seus cabelos oleosos e imundos estavam despenteados. O seu olhar era obscuro e misterioso, como extensos túneis em trevas, e recaía sobre o garoto na sala. Abaixo da imagem, havia um nome: “Severo Prince Snape”.

- Severo. Você é Severo Snape. – falou Alvo, intrigado. De que jeito um sujeito imundo como Snape poderia valer uma homenagem do pai do garoto, Alvo não entendia.

- Acho bom não ter vivido para ter o desgosto de vê-lo em minha casa, garoto. Igual ao pai... e ao avô... Provavelmente tão desprezível quanto o irmão...

- EU NÃO SOU COMO MEU IRMÃO! – Alvo não aceitava as comparações em família que sempre eram feitas à sua pessoa. Todos diziam que era igual ao pai, e ao avô.

- Até os olhos... – continuou o professor retratado – seus olhos são iguais ao de seu pai... iguais ao de Lílian...

Alvo pôde jurar que viu algo que tinha certeza ser impossível. Um breve brilho no olhar de Severo. Então, o professor se virou e foi embora. Havia abandonado o retrato.

- Professora McGonagall, proponho que nós façamos a varinha regurgitar o feitiço, para comprovarmos a ação definitivamente. Colin Creevey está machucado, e está sendo levado para a ala hospitalar. Isto não ocorreu a toa. – sugeriu o baixinho Flitwick, vitorioso. Ignorara a presença de Snape na conversa.

- Não! Não devem fazer isto! Isto é invasão de privacidade! Uma varinha só pode ser examinada com motivos de peso para isso! Ora, um garoto com ferimentos leves não é motivo para uma checagem de varinha. – um quadro atrás de Alvo falou indignado. As inscrições indicavam que se tratava de Everardo, mais um dos diretores da escola.

- Eu não temo nada! Podem checar a varinha! – adicionou Alvo rindo-se da situação. A conversa com Snape ainda o intrigava.

- Everardo está certo. Muito obrigada por me lembrar. Não necessitamos disto, estamos certos de que isto ocorreu. Potter, talvez você tenha feito isto sem ter percebido. Devemos relevar professor, já que é a primeira aula de feitiços. Ansiedade pode oferecer perigo às vezes, mas tenho certeza de que Colin estará bem. Justino cuida disto num instante. Podem ir, e peço que não aplique detenção a Potter, professor, estou certa de que não foi intencional. Alvo Severo, você vai me prometer que terá mais cuidado, né? – encerrou a professora decidida.

- Mas professora, eu não fiz nada! Vocês devem estar....

- Tchau Potter, estou muito ocupada, e preciso terminar um relatório para mandar a Lúcio Malfoy ainda hoje. Encerramos aqui, e espero não receber mais visitas como essa tão cedo.

- Mas...

- Venha Alvo – disse o professor levando o garoto para fora. Seu olhar procurava pelo retrato de Severo mais uma vez. O professor não voltara.

Naquele dia Alvo havia perdido a aula de Defesa contra as Artes das Trevas, e teve de entrar no meio da aula de História da Magia, e ainda ouvir meia hora de indiretas vindas da professora quanto a alunos que se acham superiores e que acham ter direito de entrar nas aulas quando acharem melhor.

Passou a tarde livre que tinha sozinho na sala Comunal, e à meia noite partiu para a torre de astronomia, onde evitou os comentários dos amigos e conheceu a professora Leavitt, que parecia a pessoa mais louca que Alvo poderia conhecer no castelo.

Ao terminar de observar as constelações saiu rápido da torre, desceu e foi direto para seu dormitório. Quando Escórpio entrou, fingiu estar dormindo, mas só conseguiu realmente pegar no sono muito mais tarde.

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