Alvo Severo e o Segredo da Víbora (Capítulo 9)

Capítulo IX - O professor de Poções

- Acorda! Acorda, Al! – gritava Escórpio Malfoy, batendo no rosto de Alvo. Era muito cedo, e o amigo estava trocado com as vestes pretas e verdes de sua casa enquanto Alvo Severo dormia tranqüilamente, em sua aconchegante cama no dormitório dos meninos. Os dois estavam sozinhos.

- O que é Escórpio? Ainda é cedo, me deixe dormir. – relutava Alvo, virando de lado para evitar o garoto.

- Seu folgado! Você não vai me fazer o favor de perder pontos para a nossa casa antes mesmo de termos ganhado, né? ACORDA ALVO! A aula de herbologia começa em cinco minutos e você está dormindo.

- O quê? Estou atrasado? Por que você não me disse antes? – Alvo se levantou de um pulo. - Preciso me trocar! – e abriu o malão rapidamente, retirando suas vestes com muita pressa. Escórpio ria do desespero do amigo.

- Ah Al, você é uma figura! Se quiser se dar bem em Hogwarts, trate de acordar mais cedo, hein. – disse ele entre risos. Alvo se trocou rapidamente, e então pegou o livro e saiu correndo com o louro pelas escadas. Abriram a porta e saíram correndo pelo corredor.

Cinco minutos mais tarde, ao se depararem com uma sala que mais parecia um depósito de escaravelhos amassados para poções, perceberam que corriam na direção errada, então começaram a correr para o lado oposto, Alvo muito ofegante. Nas masmorras havia pouquíssimos quadros nas paredes, e os poucos que a dupla encontrou mais resmungavam do que ajudavam a encontrar o caminho certo.

O resultado foi quase dez minutos de atraso. Entraram na estufa errada, onde ocorria uma aula com o sexto ano, onde tiveram de se desculpar envergonhados, e depois de rodearem a estufa certa duas vezes, entraram.

- Com licença, professor. Podemos entrar? Nos perdemos no caminho. – explicou Alvo.

- Claro, entre Alvo. Você, quem é? – falou se dirigindo ao loiro.

- Escórpio Malfoy, senhor. Estava com o Alvo. – risadinhas vieram da metade grifinoriana da sala. Os olhos de Alvo encontraram os da prima, e ela rapidamente virou-se para responder algo que uma menina morena perguntava.

- Pode entrar, Malfoy, mas devo avisá-los que é bom se acostumarem a não se atrasar. A aula já teve início, e vocês perderam a explicação sobre os vermífugos para trepadeiras.

- Obrigado, professor – disse Malfoy, e se sentou ao lado de Alvo. Havia uma mesa longa, de madeira, onde estavam vários vasinhos, cada qual com uma florzinha fechada.

Na aula dupla de Herbologia, Alvo e os amigos aprenderam a cuidar das Magnólias Norueguesas, que mudavam de cor de acordo com o tratamento que levavam. Elas tinham de alcançar cores muito vivas para satisfazer o professor. Quanto mais viva fosse a cor, melhor a planta estava sendo tratada. Os alunos tinham de regá-las, mudar os vasos, abaná-las, contar histórias infantis, e até fazer cócegas para elas ficarem felizes e satisfeitas. De vez em quando, Anastácia conseguia resultados muito satisfatórios, mas uma garota chamada Patrícia, que não parava de cochichar com Rose, foi quem acabou ganhando os vinte pontos que o professor prometeu no início pelo melhor resultado.

- Injustiça, se quer saber! Aquela garota boba não conseguia fazer nada direito. Mas é claro, ela é da casa do professor, pode tudo. Pode até ganhar vinte pontos gratuitamente. – reclamava Lysandra irada, que não conseguira uma cor mais brilhante do que um cinza-fumaça. Estavam indo para o almoço, depois da aula dupla de herbologia.

- Eu achei ela muito jeitosa, Lysa – contrapôs Malfoy com um sorrisinho desdenhoso. – Pena que a nossa amiga Ana não conseguiu superar, não é mesmo Ana? – Anastácia sorriu em resposta.

O grupo estava passando pelo saguão de entrada quando uma coisa realmente engraçada ocorreu. Alvo via o zelador Argo Filch correndo com uma bengala nodosa e gritando atrás de Pirraça e o inconfundível primo de Alvo, Freddy Weasley. Tiago acompanhava o Weasley de perto. O zelador descia as escadas de mármore gritando, enquanto um homenzinho ria de sua cara atirando pedaços de giz em sua cabeça.

- Volte aqui sua Peste! Depois dessa, aposto que a professora McGonagall vai dar um jeito em você, seu poltergeist desgraçado!

- Venha cá Filchzinhooo! – gritava o homenzinho, que flutuava sobre Filch. Todos no saguão riam olhando a cena. - Não consegue correr atrás de mim? Porque será? Huahuahuahua – Os pés do zelador estavam transformados em pés de pato ridiculamente aumentados. Argo Filch escorregava nos degraus com a gata em seu encalço.

- Voltem aqui moleques! Vocês vão prestar contas para a diretora! – Filch gritou pela última vez ao cair pesadamente e bater o traseiro no último degrau.

Freddy e Tiago entraram no Salão Principal, enquanto o poltergeist continuava a arremessar tocos de giz na cabeça do zelador. Anastácia examinava a cena juntamente com Lysa e Escórpio, mas Alvo continuou a andar com o grupo sem sequer olhar para o irmão.

Quando entraram no salão Principal, não foi possível ignorar os dois amigos rolando no chão de tanto rir, enquanto um montinho de alunos se aglomerava em volta deles. Tiago era venerado, era visto como um herói entre os amigos. Freddy tinha as melhores idéias para se produzir caos na escola, e com o primo Tiago todas davam certo.

Os sonserinos sentaram-se em suas mesas e comeram suas refeições. Eram os que menos davam atenção às palhaçadas da duplinha. Então, ao terminar o almoço, Alvo e os colegas primeiranistas da sonserina seguiram para o primeiro andar do Castelo, acompanhados pelos alunos da Corvinal.

Ao entrar na Sala, desta vez sem se atrasar nem um pouco, a primeira coisa que Alvo viu eram alguns gráficos e tabelas complicadas escritas a giz na lousa. Ted estava sentado em sua mesa, e distribuía sorrisos aos alunos que chegavam.

- Boa tarde! – começou o professor ao fechar a porta após todos os alunos terem chegado. – Como vocês sabem eu sou o responsável por fazer vocês aprenderem a nobre e antiga arte de transfigurar seres e objetos. Para começar, gostaria de lhes mostrar uma breve demonstração de uma das várias áreas que englobam Transfiguração. – então o professor fez algo que Alvo previu segundos antes.

Num instante, o professor era ele mesmo, com sua aparência animada, seus cabelos castanho-claros, e seu olhar castanho cativante, então, no instante seguinte, sua pele se tornou macilenta e enrugada, coberta por verrugas, enquanto seus cabelos eram brancos e desgrenhados. Até seus olhos mudaram para um azul muito suave.

- Ooooh – A indignação da sala foi muito positiva, e logo todos aplaudiram incessantemente.

- Incrível! – exclamou Lysa perplexa.

- Fantástico professor! – falou alto a garota oriental que no dia anterior estava sendo selecionada logo depois de Alvo. – Professor Lupin, o senhor nos ensinará a fazer isso?

- Não! – respondeu o velho à frente da sala. – Realmente não posso Srta Chang. – e voltou à sua forma normal em uma fração de segundo.

- E como o senhor consegue, então? – perguntou Escórpio interessado.

- Isto se chama Metamorfomagia, Sr. Malfoy. É hereditária, e não existem casos de bruxos que se tornaram metamorfomagos ao longo de suas vidas. Ou se nasce metamorfomago ou não. Geralmente só ocorre no caso de ter parentes na família com o dom.

Vários gemidinhos de lamentos foram ouvidos.

- Hoje iremos falar um pouco sobre transfiguração cotidiana, e cada um pode contar histórias que vivenciaram na família que envolvem essa arte. Alguém tem alguma história interessante?

A tarde foi muito interessante, e Alvo pôde ouvir muitas histórias dos colegas sobre como tiveram contato com a área. Uma garota chegou a comentar que uma vez deu de cara com uma senhora que se transformava em foca e voltava à forma normal depois. O professor explicou que se tratava de uma forma de transformação mais conhecida por Animagia, onde bruxos podem escolher um animal para se transfigurarem.

Alvo ficou fascinado por todas as histórias que ouvia, e seu crescente interesse pela arte de transformar culminou quando, dentro da cabeça dele, ele pensou: “Animagia? Porque não? Se transformar em um animal seria fabuloso!”

- A aula foi muito boa, não acham? – perguntou Alvo vinte minutos depois da aula, quando eles chegavam à Sala Comunal (desta vez sem se perder no caminho).

- O professor Teddy é muito legal! Só acho transfiguração uma matéria muito obtusa e complicada, mas o professor ajuda bastante. – comentou Anastácia enrolando os cabelos com o dedo.

- Gente, vocês já pensaram em um dia se transformarem em animais? – perguntou Alvo com a voz ligeiramente trêmula.

Um silêncio rondou a Sala. Só haviam os quatro amigos e mais alguns alunos do quarto ano redigindo redações.

- Seria fantástico! – disse Lysa, quebrando o silêncio, meio receosa.

- É, seria! – concordou lentamente Escórpio.

Ana deu um sorriso de quem amou a idéia, então verificou o grande relógio de pêndulos que havia acima da lareira, e constatou:

- Pessoal, a idéia é realmente ótima, mas se vocês não se incomodam, temos Poções com a Corvinal, e acho bom irmos rápido.






O caminho para a sala de aula de poções era realmente fácil. Havia um atalho, que um garoto chamado Vicente, do terceiro ano, a quem Malfoy parecia conhecer, ensinou ao grupo. Era só fazer cócegas numa estátua em forma de naja que havia próxima a entrada da sala comunal, que liberava uma passagem que saía praticamente na sala de aula.

Os sonserinos chegaram cedo, e o grupo de Alvo sentou-se bem à frente, esperando o diretor de sua casa e professor de Poções chegar. A sala era enfumaçada e malcheirosa. Vinte carteiras, cada uma com o caldeirão do aluno correspondente enchiam a extensão do local. O caldeirão sobre a mesa do professor estava sobre chamas, e fervia algum líquido muito viscoso e com um cheiro acre que lembrava gosma de gnomos, a qual Alvo já vira muito em seu jardim.

- Boa tarde, primeiro ano! Eu sou o professor Slughorn, e lecionarei Poções a vocês durante o ano letivo. – o professor chegara na sala, com um sorriso de simpatia no rosto. Quando falava, Alvo poderia jurar que estava tendo aulas com um leão marinho. Seu bigode prateado ia para cima e para baixo a cada palavra, e sua voz era animadora. De vez em quando dava um sorrisinho para alguns alunos, e para Alvo deu muitos deles. - Não se acanhem em logo me chamar de professor Slug. Gosto de manter amizade entre aluno e professor, então vamos dedicar nossa primeira aula para o conhecimento de cada aluno. Gostaria que vocês um por um contassem um pouco sobre quem são para mim. Podemos começar? Vejamos... Senhorita Brocklehurst! Queira levantar-se, por favor, e nos contar sobre você.

A garota se levantou envergonhada.

- Não sei o que dizer, professor, me desculpe. – disse a garota acanhada.

- Não se acanhe querida! Diga-me, você deve ter algum parentesco com o Sr. Robin Brocklehurst, não?

- Ele foi meu avô, senhor. – disse a garota olhando para os pés.

- Teve um bom desempenho em poções, em minhas aulas pelo menos. O que lhe rendeu a profissão de curandeiro conceituado em St. Mungus, não é mesmo querida?

- Sim, sim. Ele era curandeiro. – respondeu a menina indignada com a memória do professor.

- Bom, o maior problema de Robin era sua mania de não se misturar com pessoas a sua altura... Só ajudava os mais fraquinhos na matéria, e acabava sem fama alguma... Coitado... Sente-se querida. E espero não ver você seguindo os passos do vovô, hein! – e riu sozinho do próprio comentário. – a garota sentara indignada com a arrogância do professor – Bom, vamos logo ao cume, não? Alvo Severo Potter, que tal nos dar uma palavrinha? Hã?

Alvo gelou. Será que iria falar mal de seu pai no meio dos outros alunos?

- Sim, professor?

- Seu pai é mais famoso do que qualquer outro daqui na sala, meu garoto, deve ter histórias para nos contar, não? – Horácio sorria como se estivesse nas nuvens da felicidade ao falar com Alvo.

- Não tenho muito que dizer, professor. – Alvo estava vermelho. Por algum motivo, Lysa não conseguia olhar para o garoto. Estava dando sua atenção inteiramente para uma página de seu livro de poções.

- Sua mãe, se me permite dizer, meu caro, era a sensação da escola. Nunca vi um feitiço para Rebater bicho papão tão bem executado. Mestra em azarações poderosas, não? Optou pelo quadribol, é claro, mas pelo menos respondeu meus cartões de Natal que mandava a ela até sair do time. Não perco uma coluna dela no Profeta. Se quer saber, sempre soube que chegaria onde está hoje. Casada com ninguém mais nem menos que Harry Potter, e ainda colunista do Profeta! Ah, pequeno Alvo, você nasceu em berço de ouro! Tenho certeza de que teremos tempo para discutir muito ainda sobre seus pais. Pode sentar-se, por ora, é claro! – e deu mais uma risada. Todos olhavam indignados para a cara de leão marinho que agora mexia seu olhar rapidamente, procurando por vítimas.

O professor Slughorn ficou o restante da aula chamando nomes e fazendo comentários sobre sua famílias, até chegar em Lestrange, quando disse que a aula não teria mais tempo, e dispensou os alunos. Alvo saiu rapidamente, pra não correr o risco de ser chamado para uma conversinha com o professor.

Já na Sala comunal, Alvo discutia com os amigos sobre como as aulas de poções seriam chatas e enjoativas com Slughorn. Passou a tarde conversando e conhecendo alunos de anos superiores, e foi cedo para a cama, acompanhando Malfoy.

Naquela noite, Alvo Severo teve um sonho intrigante. Voava livremente por cima dos terrenos da escola. Tinha asas e podia ir para qualquer que fosse o local que precisasse encontrar. Acordou com um aluno barulhento, e depois voltou a dormir, quando infelizmente não conseguiu retornar ao sonho.

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